Atuação da Fisioterapia na Hanseníase
A hanseníase constitui um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A fisioterapia se faz importante no tratamento de pacientes que manifestem essa condição clínica, desde as fases preventivas até aspectos reabilitacionais.
Hanseníase: definição e vias de transmissão
Conhecida popularmente como “lepra”, é considerada uma doença infecto-contagiosa, de evolução lenta, que acomete a pele e nervos periféricos, provocando assim, incapacidades e sequelas. Ela é causada pelo Mycobacterium leprae, também chamado de bacilo de Hansen.
Além disso, ela apresenta um maior índice de acometimento em população de baixa renda ou nenhuma renda e possui como foco de transmissão as vias aéreas superiores.
É válido ressaltar que as manifestações clínicas da hanseníase relacionam-se diretamente com o grau de exposição ao bacilo e à capacidade imunológica do organismo infectado, determinando assim, a resistência ou a susceptibilidade à infecção.
Aspectos Clínicos
A hanseníase é classificada em 4 formas: indeterminada, tuberculóide, dimorfa e virchowiana.
- Indeterminada: aparecimento de manchas com ausência de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa.
- Tuberculóide: lesões delimitadas, com ausência de sensibilidade, tendo distribuição assimétrica.
- Dimorfa: Morfologia que une as características da hanseníase virchowiana e tuberculóide, podendo haver uma predominância que oscila nos dois tipos.
- Virchowiana: manifestação clínica altamente contagiosa. Sua evolução caracteriza-se pela infiltração progressiva e difusa da pele, mucosa, olhos, testículos, nervos, podendo afetar, ainda, os linfonodos, o fígado e o baço.
Diagnóstico e Tratamento
É configurado o diagnóstico de hanseníase, quando o indivíduo apresentar uma ou mais características, como:
- uma ou várias lesões de pele com diagnóstico de alteração de sensibilidade
- espessamento de nervos
- dor
- choque
- baciloscopia positiva.
Consequências da hanseníase
- Deformidades e incapacidades
São decorrentes do comprometimento neurológico, preferencialmente os nervos periféricos com alterações sensitivas, favorecendo o aparecimento de feridas como o mal perfurante plantar e motores, tendo como conseqüências atrofias, bloqueios articulares e paralisias.
Reações Hansênicas
As reações são fenômenos agudos sobrepostos à cronicidade da hanseníase. São potencialmente decorrentes de processos inflamatórios e resposta imunológica, mediada por antígenos do Mycobacterium leprae, responsáveis por perda funcional de nervos periféricos e agravantes das incapacidades.
Durante os episódios reacionais ocorrem as neurites:
- Assim as reações de tipo 1 ou reversas, apresentam quadro de dor e espessamento no trajeto do nervo;
- E na reação tipo 2 ou eritema nodoso hansênico, os nervos apresentam dolorosos por um período maior ou prolongado, mas sem grande comprometimento da função.
Abordagem da Fisioterapia
A atuação fisioterapêutica no tratamento das conseqüências da hanseníase é de fundamental importância desde a prevenção até a reabilitação do paciente, visto que o fisioterapeuta é apto para utilização de recursos que auxiliam no processo de reparo de úlceras, prevenção de deformidades e amputações, fortalecimento muscular e sendo capaz de estimular este paciente às novas condições físicas.
Avaliação Fisioterapêutica
São realizados:
- Exame físico;
- Inspeção de olhos, nariz, pescoço, mãos e pés;
- Palpação dos nervos periféricos (ulnar, mediano, radial, fibular comum e tibial posterior);
- Avaliação sensorial das mãos e dos pés;
- Teste manual de força muscular, a partir do movimento e capacidade de oposição à força da gravidade;
- e resistência manual, na qual o grupo muscular refere-se ao nervo específico.
Objetivos da Fisioterapia
- Prevenir e tratar sequelas
- Manutenção e aumento da força muscular
- Manutenção da ADM, evitando assim, a rigidez
- Diminuição da dor
- Melhora das AVDs
Recursos da Fisioterapia
- Hidroterapia
- Cinesioterapia (exercícios passivos, assistidos, ativos e resistidos; Treino de marcha e AVDs)
- Eletroterapia
- Massoterapia – Reeducação Sensitiva
- Dessensibilização
- Adaptações funcionais
- Orientação quanto à atenção visual e as formas de prevenção
- Talas de posicionamento para quando o nervo estiver com neurite
Blog desenvolvido por Geovane Lima de Albuquerque, discente de Fisioterapia da UFTM.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALVAREZ, C. C. de S.; FILHO, G. H. Hanseníase e Fisioterapia: uma abordagem necessária. J Hum Growth Dev, Campo Grande, MS, v. 29, n. 3, p. 416-426, 2019.
Guia de Vigilância Epidemiológica: www.funasa.gov.br
Noções de Hansenologia. Centro de Estudos Reynaldo Quagliato. Instituto Lauro de Souza Lima – Bauru.
ROBBINS, S. Patologia Estrutural e Funcional. 5ª ed. Guanabara Koogan. 1994
TAVARES, J. P. et al. Fisioterapia no atendimento de pacientes com hanseníase: um estudo de revisão. Revista Amazônia, Gurupi, TO, v. 1, n. 2, p. 37-43, 2013.