É crescente o número de queixas na população universitária com relação a saúde mental e física, sendo um período marcado por grandes mudanças no estilo de vida, atrelado a altos níveis de estresse, ansiedade, solidão, medo e insatisfação. Esse cenário colabora para o surgimento de sintomas físicos como fadiga, dores de cabeça, problemas digestivos e respiratórios, dores musculares e náuseas, comprovando que o bem estar emocional está diretamente relacionado ao bem estar físico, e não apenas delimitado aos sintomas psicopatológicos.
Os fatores que colaboram para a diminuição de qualidade de vida podem surgir de duas grandes vertentes principais, sendo elas: a sobrecarga extracurricular e o estresse biomecânico por postura incorreta – na maioria das vezes, ambos estão presentes. O meio acadêmico é, muitas vezes, marcado por uma grande competitividade e pressão por produtividade; como consequência, esse quadro tem grande potencial para desencadear adoecimentos psicológicos. No caminho para nos tornarmos profissionais qualificados, buscamos preencher nosso currículo e participar de diversas iniciativas acadêmicas, exigindo que passemos a maior parte do nosso dia sentados ou preocupados com as inúmeras entregas a serem feitas, resultando em uma rotina com inatividade física, justificada pela falta de tempo e disposição.
Atualmente, estamos vivenciando um momento de crise que exige novas adaptações e podem desencadear muitas emoções e sentimentos negativos. Nesse cenário, muitas universidades adotaram o sistema de ensino a distância (EAD) ou calendário suplementar como uma forma de continuar a aprendizagem, onde questões sociais, como a falta de acesso à rede de internet, assombram grande parte dos alunos, bem como a incerteza dos dias que virão.
Estresse e inatividade física
Dentre as barreiras encontradas para a inatividade física, é relatado não saber as recomendações adequadas para a promoção de saúde. Apesar de muitas pessoas identificarem as posições incorretas que mantêm, não conseguem fazer as correções necessárias, para isso a fisioterapia utiliza da consciência corporal como primeiros passos.
Algumas das consequências de não exercitar o corpo podem ser os baixos níveis de hormônios que geram a sensação de bem estar e o prejuízo na qualidade do sono, afetando o sistema endócrino, metabólico e imune, extremamente importantes nesse período de pandemia. Afeta ainda no aumento de estados emocionais negativos, doenças alérgicas e diminuição da concentração, com prejuízo de memória.
Visto que estamos em isolamento social involuntário como método preventivo, recomendado pela Organização Mundial da Saúde, a prática de exercícios surge como uma alternativa barata e acessível para controlar efeitos nocivos do distanciamento, amplificando emoções positivas.
Como aplicar na prática
– Consciência corporal: a consciência corporal na prática começa sempre com a percepção do ambiente em que estamos e dos barulhos que ele produz, seguido da percepção de como nosso corpo está, tanto em postura quanto desconfortos. O próximo passo se dá pela respiração profunda pelas narinas, tentando relaxar ao máximo os ombros, a cervical, maxilar e pernas, conforme o oxigênio entra e sai dos pulmões.
– Organização do tempo: organize seu tempo para realizar suas atividades obrigatórias e também para cuidar do seu corpo e da sua saúde mental. Estabeleça um momento do seu dia para fazer atividades que te deem prazer e te relaxem, que não exijam produtividade. Por exemplo, assistir um filme, ler um livro, desenhar, cuidar da pele ou qualquer outra atividade que faça sentido para você.
– Pausas: é importante implementar pausas durante sua rotina de atividades obrigatórias, a cada 50 minutos de foco em alguma atividade, 10 minutos de descanso. Utilize esse tempo para se alongar, movimentar ou praticar alguma técnica de respiração. Tempo prolongado na mesma posição pode ocasionar dores, inchaço e, possivelmente, desgastes nas estruturas anatômicas.
– Postura correta e atividade física: procure praticar a consciência corporal enquanto trabalha, estuda e pratica exercícios. Ao passar longos períodos na mesma posição, é importante manter ombros relaxados e alinhados, coluna reta e apoiar a lombar, se estiver sentado. O fortalecimento muscular diminui a fadiga dos nossos músculos posturais, melhora circulação sanguínea e linfática, diminuindo risco de inchaços ao final do dia.
– Converse, compartilhe dores e sentimentos: chame seus amigos, faça vídeo chamadas com eles, desabafe e os escute. Compartilhar os sentimentos advindos de momentos difíceis pode ser uma forma de diminuir a solidão e trocar cuidado e acolhimento. É importante ter e manter uma rede de apoio social.
– Respeite seu momento: em momentos de crise, é normal passar por diversas fases emocionais e comportamentais e ir mudando conforme o passar do tempo. Se você se encontra improdutivo, por exemplo, respeite seu tempo e não se cobre demais por isso. Todos reagimos e temos tempos diferentes para lidar com as situações. Tente não se comparar aos outros, pois cada um tem sua individualidade. Respeite a sua!
– Procure ajuda especializada: lidar com a vida acadêmica, mesmo fora de momentos de crise, pode fazer com que seja necessária uma ajuda especializada. Procure saber se sua universidade oferece algum tipo de psicoterapia ou para os alunos. Além disso, há muitos psicólogos que estão atendendo online e fazem desconto para universitários. Também há o Centro de Valorização da Vida (CVV) que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. É só ligar 188 ou acessar https://www.cvv.org.br/ .
Em caso de dores musculares, articulares ou não identificadas, que impossibilitem ou incomodem nas atividades diárias, é importante buscar por um profissional da fisioterapia que possa analisar o caso e orientar corretamente nas adaptações necessárias. Se sua universidade oferece atendimento fisioterapêutico, busque saber se foi adaptado ao teleatendimento.
Se você é universitário, faz parte de uma empresa júnior e identifica a necessidade de orientações especializadas, a Innovare em parceria com a Ligamento oferecem workshop de Saúde Mental e Física em Tempos de Pandemia. Entre em contato conosco para saber mais!
Blog desenvolvido por Fernanda Gomes (consultora de marketing da Innovare) e Luana Silva (diretora presidente da Ligamento).